sábado, 27 de fevereiro de 2010

Poder Paralelo chega ao fim com força, categoria e muita dignidade


Miriam Freeland e Gabriel Fotos: Adilson Lucas/AgNews

Em meus 19 anos de carreira, poucas vezes vi um triângulo amoroso provocar tantas reações de amor e ódio quanto o formado por Fernanda (Paloma Duarte), Tony (Gabriel Braga Nunes) e Lígia (Miriam Freeland) em Poder Paralelo, da Rede Record. Qualquer assunto postado sobre eles na internet deflagra reações furiosas e apaixonadas. E a novela, que está em seus derradeiros capítulos, ainda não tem definido o final dos protagonistas. Na terça, 23, os três gravaram a última cena da novela. Todos de branco na praia de Grumari, no Rio: final feliz para Tony e Lígia. E também para Tony e Fernanda. O autor, Lauro César Muniz, está sinceramente dividido entre suas protagonistas e optou por mandar gravar lindas cenas dos dois casais comemorando a vitória do amor sobre a violência. Vai ficar lindo no ar…

Miriam Freeland e Gabriel Fotos: Adilson Lucas/AgNews

Sou partidário de que o mafioso termine com Lígia. A jornalista fez de Tony um homem melhor: ressuscitou sentimentos que há muito tempo ele havia deixado de lado em nome do poder, da ambição e, principalmente, da ventetta (vingança). Já Fernanda sempre representou posse para ele. Tony queria tirar do inimigo, Bruno (Marcelo Serrado), aquilo que lhe era mais precioso. E, com certeza, a atriz representava bem o alvo de Tony. É claro que ele se apaixonou de verdade pela loura, mas nunca notei um sentimento real entre os dois. Nos bastidores da Record comenta-se que, num dos finais escritos, o misterioso serial killer seria Fernanda, o que deixaria o caminho livre para Tony ser feliz nos braços de Lígia.

Indícios de que Fernanda seria o Guri não faltam: dois dos amantes da estrela, Armando (Cecil Thiré) e Juracy (D´Artagnan Junior), foram assassinados; ela é perita em armas e, na novela fictícia, ela que protagonizou, Mascaradas, sua personagem matou o próprio filho e o homem que amava. Sem falar que Fernanda poderia ter feito Bruno e Tony se odiarem profundamente, tirando os dois de seu caminho na briga pelo comando da organização. Não é um golpe de mestre? Eu acho. Mas o final dos personagens está nas mãos do grande Lauro César Muniz e torço muito para que ele fuja do óbvio.

E o balanço que posso fazer dessa obra tão forte e violenta é que Poder Paralelo chega ao fim com grande dignidade. O senão da história foi mesmo a criação de um assassino misterioso, mas esse recurso velho não causou grandes danos à história. Todos os núcleos funcionaram muito bem: o amor proibido de Nina (Patrícia França) e Pedro (Guilherme Boury) comoveu todo mundo, a virada de Maura (Adriana Garambone) dominou os primeiros capítulos, e o núcleo policial, comandado por Téo (Tuca Andrada) e Renato (Bruno Padilha), também foi eficientíssimo.

Bem escrita e com uma direção precisa, Poder Paralelo teve também um elenco perfeito. O grande destaque vai para Petrônio Gontijo. Rudi foi o personagem mais difícil da novela. Um passo em falso do ator e ele teria caído na caricatura. Mas Petrônio caminhou com exatidão pelo fio da navalha e sai consagrado da novela. Adriana Garambone também teve oportunidade de mostrar a grande atriz que é. Pena que o fôlego de Maura se esgotou antes do fim. Mesmo assim, a relação amorosa da dondoca com Rafael (Floriano Peixoto) caiu no gosto popular, impedindo que a personagem implodisse completamente.

Miriam Freeland e Gabriel Fotos: Adilson Lucas/AgNews

Vale reverenciar ainda os bons desempenhos de Tuca Andrada, Maria Ribeiro, Bruno Padilha, Miguel Thiré, Roberto Berindelli, Ricardo Petraglia, Guilherme Boury, Patrícia França e Luciana Braga, entre muitos outros. Todo mundo sabe que não gosto de Marcelo Serrado e continuo achando que um papel excelente como Bruno necessitava de um ator mais viril, como Eduardo Moscovis, Rodrigo Lombardi, Humberto Martins ou Eriberto Leão. E Marcelo passa tanta fragilidade… Mas… Nada é perfeito.

E não tenho como deixar de tirar o chapéu para o trio que abriu este texto. Gabriel Braga Nunes se consagra como um dos mais eficientes atores da telinha. Tony é um personagem complicadíssimo, um anti-herói. Mesmo sendo o mocinho da história, estava em busca de vingança da morte de sua mulher e filhas e nunca teve o menor pudor de cometer atrocidades para alcançar seus objetivos. E Gabriel conseguiu fazer com que o público embarcasse nos conflitos de Tony e torcesse fervorosamente pelo mafioso. Um triunfo que merece aplausos.

Miriam Freeland e Gabriel Fotos: Adilson Lucas/AgNews

Paloma Duarte é sempre excelente. E Fernanda lhe deu matéria-prima para brilhar mais uma vez. Ambígua, controversa, cheia de defeitos e qualidades, Fernanda também foi uma antimocinha, mas diferente de Tony – que escapou da crucificação pública – ela angariou declarações de amor e ódio porque ousou atrapalhar o romance do rapaz com Lígia, esta sim a heroína da trama. A jornalista sempre foi doce, meiga, mas também não engolia desaforo, tinha pulso e garra. E entrou na disputa pelo coração de Tony com força total. No melhor estilo, Marlene x Emilinha, o duelo travado por Fernanda x Lígia não permitiu condescendências. Quem ama Lígia tem que odiar Fernanda e vice-versa. Qual delas vai ganhar essa batalha eu não sei. Mas o grande vencedor foi o espectador, que foi brindado com atuações maduras e conflitos emocionais, como há muito tempo não se via. Nós agradecemos!


Fonte: Contigo! Tv Por Jorge Brasil

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